A fama de meca da pechincha já rendeu até samba: “25 de Março/ Mão de obra da Turquia (…)/ Aqui caro sai barato/ E tem até prestação”. “Bazares”, música atribuída a Adoniran Barbosa, vendedor de tecidos ali nos anos 1930, dá a pista de que a vocação comercial da 25 de Março é, no mínimo, octogenária.
A tradição é um dos motivos de a rua estar sempre acompanhada por números nas casas do milhão e do bilhão. Ela é a resposta à seguinte indagação: por que toda véspera de Natal leva 1 milhão de pessoas por dia a um trecho de 2,5 km da região central de SP?
É porque o consumidor sabe que, desde os anos 60, a “25”, como é carinhosamente chamada, oferece os melhores preços da cidade e a maior variedade de marcas, em alguns casos, de tamanhos e cores, em outros.
“Quem nunca ouviu falar da 25? Ela tem uma grife que se reforçou ao longo dos anos”, diz Heliana Vargas, professora de arquitetura da USP e especialista em comércio e desenvolvimento urbano. “Existe uma imagem, e ela é real, de que ali se compra em quantidade, variedade e em conta.”
Para sustentar essa reputação positiva, os comerciantes locais se valem da economia de escala. Isso significa que, diante do afluxo médio de
400 mil pessoas por dia (em períodos não festivos), as lojas podem reduzir o percentual de lucro na venda de cada peça para ganhar no volume total.
Fonte: Folha de S. Paulo